Tão, tão distante. O bairro Vargedo fica a quase 40 quilômetros do centro de Ibiúna/SP, com muita área verde, poucas casas e escasso comércio. Entretanto, o que reina neste local longínquo é a natureza exuberante, quase intacta. Nós, equipe da revista Mais Ibiúna, fomos até lá para conhecer suas quedas d´água e a aventura começou na tentativa de obter orientação ou indicação do caminho, sem sinalização.
Desbravando Ibiúna
Dias ensolarados, de muito calor, o que fazer? Aproveitar praia, piscina, certo? Errado, fomos mesmo nos refrescar nas águas da nossa terra, afinal Ibiúna possui 62,9 por cento da represa Itupararanga. Mas sua riqueza hidrográfica é composta por outros rios e sua topografia acidentada e montanhosa (Ibiúna tem altitude média de 996m acima do nível do mar), contribuem para a formação de cachoeiras. E fomos em busca de conhecer algumas delas, onde poucos têm acesso, e fazer o registro de fotos dos encantos da nossa natureza.
Orientados que um dos caminhos das águas tem início na estrada para quem vai para o sertão, indicando bairro do Murundu, pegamos a avenida São Sebastião, passamos pelo coreto e descemos em direção à gruta de São Sebastião. Sem sair da estrada, os bairros foram ficando para trás: Residencial Europa, Capim Azedo, Puris, Tavares, Feital, Murundu...
Durante o percurso, dentro do carro foram surgindo lembranças de quem saiu dos bairros mais distantes e hoje mora no centro e a viagem foi se tornando mais agradável. Os comentários não se diferenciavam do que ouvimos ainda hoje: a dificuldade de transporte, a falta do que fazer, a distância do centro, ir ao banco levava um dia inteiro, e assim por diante. Contudo havia um ar de saudosismo nas conversas, demonstrando que quando somos crianças nosso maior prazer é estar na companhia dos nossos pais e os valores por eles ensinados.
Tendenciosos a visitar a cachoeira da Fumaça no Parque Estadual do Jurupará, descobrimos a cachoeira do Vargedo. Passamos por ela, seguindo o barulho da água que corria pelas pedras, acreditando que a cachoeira da Fumaça estava próxima. A cada quilômetro percorrido o entusiasmo aumentava, bem como a expectativa.
Chegamos a atravessar ponte, riachos, subimos e descemos relevo. Percorremos estradas de terra com cascalhos. O veículo por vezes derrapava, com a tração reclamando força (detalhe: não era um 4x4). Margeamos penhascos, andamos nas nuvens, uma paisagem inesquecível.
Quando as torres de energia elétrica desapareceram e a estrada começou a estreitar com a mata invadindo, sem ninguém para confirmar que estávamos no caminho correto, sem sinal de telefonia móvel, nossa coragem foi sumindo. Com receio do que nos aguardava pela frente, e após quase cinquenta quilômetros percorridos, decidimos voltar, parando na Cachoeira do Vargedo.
Localizada nas encostas da serra de Paranapiacaba onde fica a área de reserva florestal com 26.000 hectares, denominada “Parque Estadual de Jurupará”. Suas águas vão de encontro com a cachoeira da Fumaça, divisa com Juquitiba.
Por lá ficamos, aproveitando as águas límpidas, a queda d´água, apreciando o voo das libélulas e diversas borboletas coloridas. Em plena quarta-feira, este paraíso foi só nosso. Valeu o passeio! Se iríamos novamente? Com certeza! Mas aconselhamos ir acompanhado por pessoas que conheçam o caminho, para quem nunca se aventurou por estas matas.

